terça-feira, 29 de abril de 2008

"Aquilo que se faz por amor, parece ir sempre além dos limites do bem e do mal." Friedrich Nietzsche

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Um homem com uma dor é muito mais elegante... Leminsky

La Canción Desesperada - trecho

LA CANCIÓN DESESPERADA
Pablo Neruda
Emerge tu recuerdo de la noche en que estoy.
El río anuda al mar su lamento obstinado.
Abandonado como los muelles en el alba.
Es la hora de partir, oh abandonado!
Sobre mi corazón llueven frías corolas.
Oh sentina de escombros, feroz cueva de náufragos!
En ti se acumularon las guerras y los vuelos.
De ti alzaron las alas los pájaros del canto.
Todo te lo tragaste, como la lejanía.
Como el mar, como el tiempo. Todo en ti fue naufragio!
(Continua...)

sábado, 26 de abril de 2008

Divagações sobre um Poeta

Uma tristeza de fio branco... O poeta nada pode, pois os seus braços se quedaram ao chão. Diante da agonia cotidiana, senta-se com sua criação e com sua criatura a espantar mosquitos do coração... Dores... A falta do ar o deixa deprimido, de uma agonia caótica e tranquila... Sabe-se doente, mas seu desejo é o esquecimento puro, coisas que são inomináveis o agradam mais... Palavras não ditas no escuro o agradam mais... O poeta está sumindo, dentro de um faixo de luz... Para morte ao infinito, no caos e na semente das linhas em branco de uma manhã em cinzas. Um poeta (Por Miss Dalloway)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

And so it is...

"Uma mente que se abre a novas idéias nunca volta ao tamanho original." Albert Einstein

O Ungido

"Enquanto a teologia não casar com a ciência, esta não passará de mera verborragia intelectual e aquela de misticismo dogmatico." (Fabrício)

Caminhos

"Todo conhecimento autêntico só pode nascer através do empirismo dialético interno. Todo o resto é dogma e todo dogma é a versão falsa de uma verdade."

terça-feira, 22 de abril de 2008

Subversiva (Ferreira Gullar)

A poesia quando chega não respeita nada. Nem pai nem mãe. Quando ela chega de qualquer de seus abismos desconhece o Estado e a Sociedade Civil, infringe o Código de Águas, relincha como puta nova em frente ao Palácio da Alvorada. E só depois reconsidera: beija nos olhos os que ganham mal, embala no colo os que têm sede de felicidade e de justiça e promete incendiar o país.

domingo, 20 de abril de 2008

O Imenso

Os leitores de poemas, sempre poucos mesmo que sejam muitos, participam individual e coletivamente do imenso.
E o que é o imenso? Aquilo que não tem medida ou aquilo que é impossível medir ou calcular.
Os muito-poucos que lêem poemas se internam em realidades incomensuráveis e, nesses espelhos de palavras, descobrem sua própria infinitude. A leitura de um poema conecta ao leitor com uma zona transpessoal e, no sentido reto da palavra, imensa. Esse contato é quase sempre, breve. As vezes cabe em cinco palavras:
D'altri diluvi una colomba ascolto....
De outros dilúvios uma pomba escuto.
(Maria)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Água Perrier (Antonio Cicero)

Não quero mudar você nem mostrar novos mundos pois eu, meu amor, acho graça até mesmo em clichês. Adoro esse olhar blasé que não só já viu quase tudo mas acha tudo tão déjà vu mesmo antes de ver. Só proponho alimentar seu tédio. Para tanto, exponho a minha admiração. Você em troca cede o seu olhar sem sonhos à minha contemplação: adoro, sei lá por quê, esse olhar meio escuro que em vez de meu álcool forte pede água Perrier.
(Cristiano)

Veneno Antimonotonia: Poemas e Canções Contra o Tédio

O uso contínuo, repetitivo e mecânico da língua tornam-na enfadonha, rotineira. O poema, ao contrário, faz-se por deslocamento da língua e acarreta no seu ponto ideal uma ruptura da monotonia em vários campos da realidade: arte, política, subjetividade, comportamento, gosto, moral. Na escrita poética, suspende-se o valor lógico-utilitário das coisas cotidianas e com ela transportamo-nos em movimentos de fruição e reflexão novos, inesperado, anteriores mesmo à compreensão, pois antes de “entendermos” os versos, sentimos que com eles uma parte de nós – antes sedimentada – lançou-se para uma zona de prazer e surpresa.
...a monotonia como um fato da linguagem. Ou, ainda, como uma patologia nascida das repetições, do ramerrão de fórmulas e clichês. Contra ela, textos – sobretudo em versos, estas pílulas superpotentes – capazes de avançar contra o ritualismo do tédio com uma linguagem fundada no deslocamento, na verticalidade e na pluralidade.
O sentido único é a máxima monotonia. Aquilo que a envenena é o nosso antídoto: textos que nunca descansarão na horizontalidade de uma significação estática e fazem ver inequivocamente a dimensão que os caracteriza: serem ilimitados...
A monotonia faz-nos sérios e aborrecidos.
Os poemas... têm espírito (palavra que nomeia a parte imaterial do humano que é ao mesmo tempo a alma, a inteligência, o afeto, o brilho, ou ainda o ânimo para um posicionamento inesperado da linguagem, capaz de seqüestrar o desgosto, a náusea)...
Veneno antimonotonia: designação genérica para aquilo que o verso traz vivo – beleza, rebelião, humor, delicadeza, espanto, entusiasmo, delírio, construção.
Canções e poemas, numa vizinhança harmoniosa, são os antídotos contra o vazio, o medo, a falta de imaginação. O verso se aproxima das coisas banais, para dar prazer, fazer bem, reunir, divertir. E assim nos convida – que a gente peça mais e mais, que corra riscos, que vença o tédio.
(Cristiano)